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JANEIRO BRANCO: DESMISTIFICANDO A PSIQUIATRIA

Transtornos depressivos e de ansiedade atingem mais de 30% da população mundial

As doenças mentais tiveram um aumento considerável nos últimos anos por conta da pandemia, gerando grande preocupação entre os profissionais da saúde.
Inspirado no “Outubro Rosa”, o “Janeiro Branco” surgiu em 2014 por psicólogos de Uberlândia, Minas Gerais. O maior objetivo da campanha é a conscientização da promoção e proteção da Saúde Mental.

A saúde mental e a pandemia

Segundo pesquisa do instituto Ipsos cedida à BBC News Brasil, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito em 2020. Dos países pesquisados, o Brasil apenas ficou atrás da Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%).

Outro estudo publicado pela Fiocruz, diz que “sentimentos frequentes de tristeza e depressão afetavam 40% da população adulta brasileira, e sensação frequente de ansiedade e nervosismo foi relatada por mais de 50% das pessoas”.

Segundo a estudante de medicina Bruna Petraroli, os reflexos da pandemia são uma oportunidade para olhar para nossa saúde mental com mais carinho durante esse Janeiro Branco:

“Após 2 anos do início da pandemia, temos dados alarmantes de aumento de sintomas depressivos, de ansiedade e insônia.

Todos nós temos algum amigo ou familiar que tiveram consequências, ou não resistiram a COVID-19. E ainda que a vacinação tenha trazido esperança de retornarmos à realidade, ela não irá devolver automaticamente a saúde da nossa mente.

Em janeiro temos a campanha do Janeiro Branco, que tem como propósito debater diversos temas dentro das doenças mentais; enfatizam também a necessidade de termos qualidade de vida, e a importância de nos adaptarmos às novas formas de relacionamentos interpessoais em tempos de distanciamento.

Muitos ainda encaram buscar suporte, quando se trata de saúde mental, um sinal de loucura, falta de fé e fraqueza.

Porque não aproveitar esse mês que inspira renovação com a chegada de um novo ciclo, pra sermos mais empáticos, e entender que não possuímos o controle de todas as situações, nem sobre o que está ao nosso redor e que procurar ajuda não é sinônimo de fracasso, e na verdade é um autocuidado.”

De fato, todos os nossos planos foram adiados após a chegada da covid-19, e tudo se tornou uma bagunça, não só em relação à saúde pública, como também a nossa saúde física e mental.

A pandemia veio e levou junto com ela um bem muito precioso: A nossa Liberdade. E com esses incontáveis dias de privação e isolamento, muitas pessoas se viram com a saúde mental abalada, mas ainda com certo receio de procurar ajuda profissional.

Assim como nós frequentamos o consultório do oftalmologista, cardiologista e outros especialistas quando sentimos que há algo errado com nosso corpo, ao percebermos tristeza em excesso, medo, alterações no sono ou apetite e outros sintomas que nos atrapalhem de seguir a nossa rotina, não se deve esperar passar, mas sim procurar ajuda profissional.

Fonte: Freepik

Famosos que falaram publicamente de seus transtornos psiquiátricos:

Várias celebridades já tornaram públicos seus problemas psiquiátricos, a fim de encorajar pessoas que estão passando pelos mesmos problemas a procurarem ajuda profissional. Essa luta pode até ser bem silenciosa, mas é mais recorrente do que nós imaginamos.

Conheça as celebridades e quais problemas psiquiátricos eles precisam lidar:

  • Ellen Degeneres – Depressão
  • Gwyneth Paltrow – Depressão Pós-Parto
  • Brad Pitt – Depressão
  • Carrie Fisher – Bipolaridade
  • Elton John – Bulimia
  • Angelina Jolie – Depressão
  • David Beckham – Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
  • Beyonce Knowles – Depressão
  • Leonardo DiCaprio – Transtorno Obsessivo Compulsivo
  • Demi Lovato – Transtorno Bipolar
  • Catherine Zeta-Jones – Transtorno Bipolar

Fonte: Hypeness

Por muitos anos a área da psiquiatria foi vista como a medicina que tratava de “loucos ou desajustados”. Esse estigma se deu principalmente pela falta de disseminação do conhecimento sobre a área, e também pelos poucos tratamentos eficientes no passado.

Segundo o médico psiquiatra Adriano Menezes:

“Ressonar a população que Psiquiatra trata “loucos”, permite que pessoas que padecem de algum sofrimento psíquico tenha receios em buscar atendimento especializado, fazendo com que o seu sofrimento se estenda além do esperado. Observamos, hoje, que falar sobre os males da alma, falar sobre as dores psíquicas, está mais aceitável na vida das famílias, observamos que esse processo de aceitação e de diálogo tem a ajuda e contribuição da mídia e outros meios de comunicação, onde falar sobre esse assunto encontra-se mais palatável e presente nas discursões familiares.”

O médico Psiquiatra

É o profissional que trata os transtornos mentais, e hoje com os tratamentos farmacológicos mais eficazes, a psiquiatria tem ganhado um espaço mais amplo e justo nas discussões, já que a pauta saúde mental tem estado cada vez mais presente.

Na sequência abordaremos alguns tópicos que ainda são tabus para algumas pessoas:

Procurar um psiquiatra pode ser sinal de fraqueza?

De maneira nenhuma! Transtornos psiquiátricos não são sinais de fraqueza, e sim um sinal de que a pessoa já aguentou muitas situações, e acabou esgotando suas energias. Esse corpo “esgotado” apresenta níveis de serotonina, endorfina e dopamina muito baixos, o que pode causar depressão e ansiedade. Lembrando que depressão é um problema de desiquilíbrio químico que pode afetar qualquer pessoa.

Qual é a diferença entre a psicologia e a psiquiatria?

São duas áreas da saúde que estudam a mente humana e que em geral, se complementam. A psicologia, trabalha através de conversas e exercícios, cuidando do aspecto social e comportamental das pessoas. Já a psiquiatria, atua também por meio de medicações cuidando da parte química e fisiológica que envolve o cérebro humano.

Estou grávida. Posso tomar medicação?

Hoje no mercado já existem medicações seguras para serem utilizadas na gestação, e também durante a amamentação. As crises de ansiedade na gravidez e depressão pós-parto são de grande risco tanto para a gestante, quanto para a criança. Lembrando que somente um médico psiquiatra saberá receitar a medicação e a dosagem correta para cada caso. Nunca se automedique.

Ansiedade e depressão são frescuras?

Elas são doenças sérias! Da mesma forma que hipertensão, diabetes, problemas cardíacos precisam de tratamentos e medicações específicas, a depressão e a ansiedade também.

Ao contrário do que muitos pensam, uma crise de ansiedade não é algo controlável, assim como uma crise hipertensiva. Existem diversos fatores químicos envolvidos nesse processo.